📍Goianinha, Rio Grande do Norte
Vos escrevo de goianinha, cidade ponte a caminho de pipa. Estou num centro comercial aguardando o cara que faz o transporte até Caiçara, na Paraíba. De ontem pra hoje bateu uma gripe do nada, comecei a me sentir mal na madrugada depois de dias perfeitos em pipa. Eu só quero chegar logo na casa da Camila pra tomar um banho e deitar, quero ficar bem logo. Ainda tenho muito o que fazer nesse inverno dos sonhos.
Já tomei suco de laranja, água, comi um salgado de frango e nada do Josean chegar. Fiz o pix na lanchonete para o Edcarlos, não sei se é o dono porque na placa diz que é lanchonete dos prazeres de Chico e Eduardo… ops li errado é Edcarlos mesmo.
Pedi mais um suco, dessa vez de acerola, pedi pra colocar na minha garrafa de água pensei que Josean estava chegando, não tava. Tô com dor no corpo, espero que não seja dengue. Talvez seja só gripe, logo eu que me orgulhei de ter tomado a vacina na cidade onde estou passando um tempo, lugar que a enfermeira me disse que ninguém se vacina. Pois é.
Bem aqui nesse banquinho marrom onde estou sentada, me emocionei algumas vezes a ponto de chorar lembrando do tanto de coisa bonita que vivi aqui no Rio Grande do Norte, onde passei 11 dias.
📍Natal, Rio Grande do Norte
Tive medo de ir sozinha pra Natal, cidade que não conhecia. Eram tantas questões que cheguei a pensar em não ir. Mas a vontade de conhecer o RN era tanta que de novo guardei os medos e reservei minha vaga na van com Josean que mora em Belém, uma cidade vizinha daqui, e faz transporte para Natal todos os dias. Também seria uma grande vergonha estar na Paraíba que é coladinha no Rio Grande do Norte e não dar nem uma passadinha, não me perdoaria.
A primeira barreira pra mim era que não queria ir na van sozinha com esse motorista que eu nem conhecia. Mas me disseram ser seguro, confiei. Disseram que a van sempre ia cheia, então pensei tá tranquilo. Aqui tudo funciona assim de um jeito bem informal, já que os ônibus são mais raros e não vão pra todo canto, muita gente trabalha com transporte fazendo essas viagens. Quem me passou o contato desse rapaz da van, foi a Binha, uma senhora manicure aqui na cidade onde estou passando uma temporada. Foi eu falar pra ela que queria conhecer Natal que na mesma hora ela acionou os contatos do whats e já pediu o contato dele pra comadre dela.
Pois bem, arrumei minhas coisas tentei pensar no monte de coisa boa que viveria nos próximos dias, guardei os medos e fui. Quando vem subindo a van na rua em que eu estava, eu só vi ele e mais ninguém lá dentro. Daí quando ele abriu a porta, surpresa! Só tinha ele mesmo e um cheiro de tempero danado, de uma encomenda que ele tava levando para um mercado em Natal.
Tudo que eu não queria aconteceu, fazer uma viagem sozinha com um cara que eu nunca vi na vida, mas senti uma confiança nele, o cara era gente boa, já foi colocando minhas mochilas na van e no fim pensei: “É isso ou perder a viagem. Então eu vou.”
Compartilhei a localização com 2 amigos da região e advinha? foi de boassa. Ele era super legal e foi trocando mó ideia contando da família dele etc, parou numa rodoviária numa cidade divisa com Paraíba onde tomamos um café raiz zero luxo, uma barulheira danada, bem suco de Brasil. O melhor foi o preço: cincão! Pão com queijo esmagado e um cafezinho.
Seguimos viagem e segui me impressionando com a paisagem do caminho. Quanto verde! Duas horas e meia depois chegamos e ele não só me levou até Natal como me deixou na porta da pousada, perfeito. Chegando lá achei tudo uma graça, a pousada tinha um clima meio casa, meu quarto era lindo e confortável e tinha até uma piscininha no jardim de frente. Naquele momento me agradeci muito por ter decidido ir.
Consegui adiantar o check in, deixei as malas ali, troquei de roupa e já quis aproveitar e conhecer algumas coisas. Chamei o Uber e fui até o maior cajueiro do mundo. Era realmente impressionante, gigantesco e sim extremamente turístico. Andei sem pressa por lá e fiquei pensando no privilégio que é ser do país do caju né? Imagina que triste não conhecer caju. Saindo de lá já fui logo fazendo a turista emocionada e comprei docinho de caju, brinco de caju e castanha kkk tão eu.
Segui andando e conhecendo o entorno e caí na praia mais próxima que fica praticamente atrás do cajueiro, chama praia de pirangi. Tava um pouco vazia, afinal é julho e não tava o maior calor do mundo. Achei o visual muito bonito, o encontro do rio com mar, me senti recebendo as boas vindas ao Rio Grande do Norte. Parei pra almoçar por ali mesmo num restaurante pé na areia, comi um peixinho com arroz e feijão fiquei pensando em nada olhando o mar.
Decidi voltar para ponta negra de ônibus porque queria economizar e também porque eu gosto de pegar busão em lugares diferentes, me sentir meio local sabe?
Os dias que se seguiram foram regados de feijão verde, paçoca de carne de sol, arroz de leite e caju de todas as formas possíveis. Choros de alegria, emoção e reencontro. Foram dias meio solo, meio acompanhada. De curtir as próprias vontades, no meu tempo. Mergulho na chuva, caminhada nas dunas, sorvete de romã. Lugar de quebrar alguns medos e lembrar que tá tudo bem ir com medo também.
A terra potiguar foi lugar importante pra ganhar um pouco de coragem e seguir.
Volto logo com notícias de pipa :)
com carinho,
Renata